ETARISMO
Esta semana tivemos a oportunidade de abordar o tema Geração Nem Nem na reportagem da Rede Gazeta. O fenômeno das diferentes gerações no mercado de trabalho é complexo e com múltiplas facetas. A repórter Priciele Venturini indicou que o Brasil tem 5,4 milhões de jovens entre 14 e 24 anos nesta situação, segundo levantamento do MT. Deste grupo, 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos. Os dados nos direcionam para pontos importantes, como:
1️⃣ Um desafio social em que jovens de classe baixa que se enquadram majoritariamente neste grupo tem menor acesso a inclusão digital, que dificulta o preparo para o mercado de trabalho (analfabetos digitais);
2️⃣ Um desafio de diversidade, em que as mulheres de baixa renda por vezes acabam tendo filhos mais cedo e acumulam a função de cuidado com a família, tendo ainda mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho formal, por ter baixa escolaridade e muitas vezes não tem rede de apoio para deixar seus filhos enquanto trabalha.
3️⃣ Um desafio geracional em que novas gerações não desejam mais como as anteriores um emprego formal em que sejam contratados e fiquem até aposentar. Muitas vezes desejam ter diferentes experiências e vínculos, ou até mesmo empreender no digital, vendo esta alternativa como uma perspectiva de retorno rápido e sem necessidade de grande expertise técnica, como bem complementou o repórter Arnóbio Manso Paganotto (https://lnkd.in/gBX3KyXh)
4️⃣ Um desafio do mercado de trabalho se torna cada vez mais exigente em termos de formação, demandando das empresas que o processo de desenvolvimento profissional seja continuado, tendo as empresas cada vez mais como um ecossistema aberto de aprendizagem para funcionários e para a sociedade como um todo.
5️⃣ Um desafio do cenário macroeconômico em que o processo de transformação digital que atravessa todos os negócios, tem permitido que as empresas tenham processos cada vez mais automatizados, gerando menor demanda por mão de obra operacional e um número menor de profissionais altamente especializados (fluência digital, leitura de dados, etc).
Neste contexto ainda, há de se considerar que a globalização faz com que qualquer empresa possa atuar em qualquer lugar do mundo, assim também como os profissionais ganham a mesma mobilidade. Assim, o desemprego não mais estará atrelado o domínio de uma competência ou habilidade adquirida com uma formação mas do quanto um profissional consegue se tornar e se manter relevante sendo referência no que realiza para ser considerado e se manter desejado para um contexto em que a tendência é de contratação por projetos mais que por vínculos de longo prazo.
Este é um cenário complexo que traz a tona uma velha discussão sobre a Renda Básica Universal, ainda com grande desafio sobre a maneira de realizar sua distribuição global e o que considerar como básico neste pacote (educação, alimentação, cultura).