LIDERANÇA – DOS PROCESSOS ÀS PESSOAS
A liderança tem forte impacto no clima ambiental da organização, que se constitui elemento central para florescer as habilidades em potencial na equipe e a operação das mesmas nas ações esperadas. O gestor maestria direções, ânimos, relações, desenha o ambiente que fará convergir interesses individuais para o interesse coletivo, a verdadeira possibilidade do trabalho e da força da sinergia conjunta.
É da liderança o sentido, a indicação das trilhas e a instituição de parâmetros na dinâmica dos processos, conjunto que conduza ao destino. E a função de fazê-lo de forma a propiciar o engajamento da equipe, a superação de dificuldades, inclusive a própria inserção de cada indivíduo no coletivo.
Tomando por essa vertente da liderança, ao líder o seu foco de trabalho: pessoas que trazem em sua humanidade uma natureza rica, criativa, porém, também propensa aos desencontros, desconfortos e equívocos que pairam nos ambientes organizacionais.
- Sendo o inconsciente patrimônio de todo e qualquer ser humano, com tudo o que ele representa de infantil, extemporâneo, atemporal, imutável, esta dimensão vai ter expressão e consequências extremamente amplas nas sociedades e nas culturas humanas. (Telles S, 2000, texto – De Novo e Sempre, O Mal-Estar na Cultura).
Pessoas comuns integram as equipes, cada qual, se aproxima ou se distancia, em um ponto ou vários outros dos perfis idealizados para as posições profissionais. Expressam na prática os paradoxos e contradições de uma natureza dúbia, que trava a luta entre seu desejo e as influências sociais do grupo no qual se encontra inserido. Reconhecer esse aspecto da condição humana, da divisão, é fundamental em gestão, pois ele engendra os dilemas do homem no convívio consigo mesmo e com o outro.
- Todo grupo humano real expressa as contradições e os paradoxos da natureza humana. Contém amor e ódio, confiança e suspeição, entusiasmo e desânimo, dominação e submissão, lógica e intuição, egoísmo e altruísmo, lealdade e traição, razão, tolice (Moscovici F 1999).
Planejamento, organização, engenharia de processos, gera resultados sim, mas não define por si só o engajamento da equipe. As pessoas comuns nem sempre agem de forma lógica, previsível e planejada. É preciso ter consciência disso, investir nas relações, buscar o entendimento e meios de ajudá-las a contornar vicissitudes no desempenho de suas atribuições. As saídas encontram-se na informação, nas regras do jogo, na comunicação clara e provida de significado sobre essas regras, sobre a justeza das decisões.
- Tudo que depende de gente para funcionar tem que ser “engenheirado” de tal modo que as pessoas se sintam constrangidas para exercitar os seus instintos egoístas. Do contrário, elas os exercitarão pois é seu natural. … E a descoberta de que há método e disciplina para assegurar esses incentivos é muito recente – é do século XX. Chamam isso de gestão de (Nobrega C, 2006).
Processos justos, claros, participativos, constroem as relações de confiança de uma equipe. Em todos os níveis, as pessoas precisam perceber que seu ponto de vista é considerado, mesmo quando ele não é aproveitado; esperam entender as formulações envolvidas na construção de uma decisão, para que a vejam positivamente, independente de seu resultado, ressalta Nobrega. Estarem convencidas de que o processo foi justo, é a condição de se colocarem receptivas às decisões de um gestor, mesmo que não concordem. Fator ímpar na determinação do clima influencia as atitudes e o desempenho, enquanto o contrário produz uma posição defensiva, de improdutiva resistência às relações no trabalho.
Sendo, assim, para além dos processos, dentre os pontos de desenvolvimento visados, a qualidade da atenção dirigida às pessoas merece fundamental atenção das lideranças. Como promover o engajamento tão necessário para a fluidez dos processos até os resultados?
A experiência testemunha que o nível de complexidade das relações torna inocente e utópico idealizar os caminhos de alinhamento por meio do consenso, do pleno bem estar ou satisfação. Versando pelas vias do que é factível emerge o plausível: um melhor entendimento possível, o mais arcaico, porém, singular recurso, a comunicação… . Incomparáveis exercícios de humanização. Espaços de conversação tornam-se assim, também, importante estratégia em gestão à medida que fomentem a clareza de propósitos, o senso de justiça, a participação e a expressão das potenciais ideias e soluções que circulam na equipe.
Eugenie Marie Hitte Feghali Barcelos / 2014