Há saber para além das engenhosas decisões elaboradas nas posições táticas e estratégicas e a atenção a esse saber é fundamental em gestão de pessoas.  A melhor expressão do potencial individual ou da equipe depende, entretanto, de especiais habilidades do gestor em promover um clima positivo e produtivo.  Estamos falando de flexibilidade, da promoção de certo grau de liberdade no ambiente de trabalho, do sentimento de pertencimento, pela oportunidade de participação das pessoas e  de valorização de suas iniciativas.

• Tudo o que lembra coerção, desconsideração pelas pessoas e por suas capacidades, promove uma energia altamente negativa. O poder se torna antes um problema que uma capacidade. As pessoas usam a própria criatividade para trabalhar contra quem o representa. (Wheatley MJ, 2004).

Essas especiais habilidades versam também pela criação de modos de contornar as vicissitudes humanas e seus efeitos no coletivo, nas relações sociais do trabalho, bem como nas entregas individuais. Modos associados certamente a princípios que façam valer as diretrizes e comprometimento com processos e produtividade.

• “O calcanhar-de-aquiles da administração científica moderna está em sua dificuldade de reconhecer os componentes não racionais e lidar com eles, com tudo aquilo que não é resolvido pela tecnologia das máquinas”. (Moscovici F, 1999).

Seguindo por essa vertente um grande desafio em gestão é a liderança em sua referência e medida de influência, a se dar sob as condições de imprecisão que cerceiam as pessoas.  Algumas limitações e outros talentos, alguns medos e outras coragens, alguns, “isso outros aquilo”. Ou seja, não haverá influência sem que nuances dessa ordem sejam consideradas e contornadas, a fim de potencializar as relações sociais e o interesse das pessoas em atuarem, com competência, no cenário a elas configurado.

A liderança passa assim pela arte de influenciar pessoas para que, por meio delas, os resultados sejam alcançados.  O que se trata aqui é, em princípio, conquistar primeiro à vontade, depois às ideias, inspirando alguns para o lugar de futuros gestores, outros a potenciais que nem mesmo conheciam, e outros ainda, ao melhor que possam dar, o que pode representar uma adequação mínima ao ritmo e valores do trabalho na contemporaneidade, às mudanças, aos desafios de cada dia. Para alguns, essa adequação mínima representa o máximo e isso tem que ser considerado.

• Gestão de pessoas é o design do ambiente disso que chamamos de organização, de modo que pessoas médias possam alcançar performances máximas (Clemente Nóbrega).

É preciso estruturar metas, geri-las com o suporte de ações planejadas, de controles e performances moldadas no conhecimento e em competências que a elas conduzam. A consolidação de resultados é condição de sustentabilidade organizacional, certamente, mas que só é factível com o investimento nos valores intangíveis, que passam pela trama da pluralidade, tecida nas geniais combinações de diferentes talentos, saberes e verdades humanas.

Eugenie Marie Hitte Feghali Barcelos / 2014