Ser um Designer Organizacional
Livro: Uma Nova (Des)Ordem Organizacional
Autor: Marco Ornellas
Case Luciana Lessa
Ser um designer organizacional não é tarefa fácil, mas uma missão para aqueles que se conectam genuinamente a um propósito maior de transformação. Isso só ocorre por termos muita fé e realmente acreditarmos que é possível contribuir com a evolução de nossa realidade a partir das organizações, uma vez que hoje nossa vida e o mundo ainda giram em torno do trabalho e do capital.
Em um Brasil que vive uma das sociedades mais adoecidas e ansiosas do mundo, não há transformação que não perpasse por uma nova visão do trabalho que vá além do “tripalium” – visão de sacrifício que herdamos de nossa origem latina e católica. É preciso enxergar e trabalhar para uma nova ordem em que o trabalho seja o caminho de evolução e cura. Sim, caro leitor, acreditamos que é possível atuar para que nossas organizações sejam ambientes de cura e regeneração.
Acreditamos na possibilidade de cura pelo trabalho, mas isso não acontece sem uma dedicação intencional que demanda “skin in the game”, pois toda mudança envolve riscos e, sem assumir riscos, não é possível liderar qualquer transformação.
Esta transformação se dá pela forma como pensamos e, consequentemente, pela forma como atuamos, demandando o famoso desaprender para reaprender, que Alvin Toffler nos ensinou. Só assim é possível um novo posicionamento profissional e pessoal, em que assumimos o risco de protagonizar um novo direcionamento nas organizações, colocando as pessoas no centro e garantindo que o valor gerado vá além do lucro para os acionistas, impactando todas as partes interessadas de forma intencional e não como uma compensação pelo impacto negativo gerado.
Organizações que curam nascem ou renascem de um propósito maior. Fazer isso em organizações brasileiras e familiares exige apetite por risco e ousadia.
Ser um designer organizacional é contribuir para que as organizações não vivam somente de um vício em comando e controle ou da falsa sensação de segurança trazida pelas burocracias institucionalizadas. Ser um designer organizacional exige disposição para que as pessoas estejam dispostas a reduzir os silos entre áreas, simplificar processos e práticas e, ao mesmo tempo, projetar futuros desejáveis por meio de ecossistemas colaborativos.
O designer deve ter apetite por risco, promovendo mudanças e discussões que incentivem empresários a apostar no desconhecido, mesmo quando os negócios são bem-sucedidos. Sem isso, caminham para a obsolescência, pois, hoje, organizações sofrem não por errar ao arriscar algo novo, mas por persistir no certo e repetir as mesmas ações, ignorando quando e por quem seu modelo de negócio será disruptado.
A dor da área de pessoas é lidar com a cultura do imediatismo ou do excesso de planejamento. É desafiador convencer sobre a necessidade de uma mudança de mindset, equilibrando e gerindo o hoje e o amanhã.
O que nos instiga é saber que somos aqueles por quem esperávamos. Temos nas mãos as ferramentas para apoiar as organizações a fazerem suas transformações culturais, pensando em uma nova economia, novas relações de trabalho e um novo RH.